Os preços do café arábica atingiram níveis históricos em 2024, refletindo as dificuldades enfrentadas pelos principais produtores globais. No Brasil, maior exportador mundial da commodity, a combinação de seca severa e incertezas econômicas pressionou a oferta e alimentou uma escalada de 80% nos preços ao longo do ano.
Especialistas apontam que os estados de Minas Gerais e São Paulo, responsáveis por grande parte da produção nacional, sofreram com a estiagem, comprometendo a atual safra e gerando expectativas de menor produtividade para 2025/26. A situação se agravou com problemas climáticos também no Vietnã, maior produtor de robusta, o que limitou alternativas para equilibrar a oferta global.
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“O impacto da seca no Brasil é significativo, afetando tanto a safra atual quanto a próxima. Esse cenário, aliado à menor oferta de robusta na Ásia, levou os preços a patamares recordes”, analisa Gil Barabach, consultor da Safras & Mercado.
Além dos fatores climáticos, a demanda crescente por café em mercados como a China intensifica a pressão sobre os preços. Em novembro, a rede de cafeterias chinesa Luckin Coffee firmou um compromisso para adquirir 240 mil toneladas de café brasileiro entre 2025 e 2029, consolidando o papel do Brasil como fornecedor estratégico.
Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, ressalta que a alta no preço pode ser benéfica para exportadores, mas traz desafios para indústrias e consumidores. “Embora o Brasil continue liderando as exportações, a oferta global não acompanha o aumento da demanda, especialmente com o consumo crescente em mercados emergentes como a China”, explica Medina.
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Em outubro, o Brasil exportou 4,9 milhões de sacas de café, segundo dados do Cecafé. No entanto, produtores com contratos futuros já enfrentam dificuldades para cumprir as entregas devido à volatilidade dos preços.
Com a menor disponibilidade de grãos e a perspectiva de estoques mais baixos, o repasse dos custos para os consumidores é inevitável. “As indústrias já estão reajustando os preços internos, e ainda há espaço para novas altas, considerando os estoques de curto prazo”, avalia Barabach.
O aumento expressivo nos preços representa um desafio para o mercado, equilibrando ganhos para produtores com obstáculos para as indústrias e consumidores finais. Este cenário reflete uma das maiores crises de oferta da história recente do setor, com projeções de impacto duradouro nos próximos anos.