Conciliar trabalho, estudo e tarefas domésticas levou Marco Antônio Victoy, de 25 anos, a substituir as panelas e o fogão por entregas de comida via delivery. O hábito, que há dois anos era esporádico, agora ocorre quatro vezes por semana, dada a facilidade de fazer o pedido com alguns cliques no celular. Victoy não está sozinho: uma pesquisa da Ticket, marca de benefícios de alimentação, revela que essa tendência é predominante na Geração Z.
Segundo o levantamento, realizado com quase 10 mil pessoas, 40% dos brasileiros utilizam serviços de delivery para pedir comida, e 11% fazem pedidos de uma a duas vezes por semana. Porém, entre os consumidores da Geração Z, com idades entre 15 e 28 anos, esse percentual sobe para 51%.
Em entrevista para O Globo, Victoy afirma que tem gastos mensais que variam de R$ 700 a R$ 1 mil. “Como passo o dia inteiro fora de casa, costumo pedir pizza ou hambúrguer à noite. Durante o dia, tento manter uma alimentação mais saudável. Essa flexibilidade ajuda a variar minha comida e a lidar com os horários apertados”, informa.
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A estudante Lorena Bulhões, de 20 anos, escolhe fast-food pela ampla presença desse tipo de restaurante nos aplicativos de delivery. “Quando estou com fome e abro o app, já fico inclinada a escolher algo nesse estilo. Pedir delivery é uma forma de variar e satisfazer meus desejos de vez em quando”, relata.
Millennials (nascidos entre 1984 e 1995) e membros da Geração Z apreciam o delivery por razões distintas. De acordo com Marina Roale, gerente de conteúdo do Grupo Consumoteca, consultoria especializada em direcionamento de negócios na América Latina, os nativos digitais, mesmo após os 30 anos, veem a compra online como uma maneira de experimentar pratos diferentes de seus restaurantes favoritos. Já os mais jovens preferem o serviço por passarem mais tempo em casa, maratonando séries e jogos online com amigos, em vez de frequentar baladas.
“Os millennials sempre apreciaram experiências gastronômicas como um escape da rotina, mas agora valorizam ainda mais a comodidade. Os Zs priorizam conforto físico e psicológico desde cedo, encontrando autonomia e individualidade dentro de casa”, explica Roale.
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Para os consumidores na faixa dos 20 anos, o delivery também é uma forma de aproveitar cupons e descontos. A Ticket apurou que, de janeiro a maio deste ano, o maior gasto médio foi registrado em compras de comida japonesa (R$ 84,80), enquanto o menor foi em pedidos de pratos mineiros (R$ 49,59).
Apaixonada pela culinária asiática, a carioca Luiza Mendes, de 27 anos, escolhe dois dias na semana para pedir essa especialidade. Em um deles, compra uma barca com sushi e sashimi e no outro, opta pelo poke, prato havaiano que mistura peixe cru ou outras carnes cortadas em cubos com legumes e arroz. Por mês, Luiza investe cerca de R$ 230. “Esse gasto atrapalha meu orçamento, mas acho difícil fazer esse tipo de comida sozinha”, diz.
Discurso e prática
Pedidos online em supermercados, que poderiam incentivar o preparo de refeições em casa, ainda são pouco populares. Apenas 15% dos entrevistados pela Ticket recorrem a essa opção, e 3% fazem pedidos mensalmente. Entre a Geração Z, 17% estão habituados a compras online em supermercados.
A crescente popularidade do delivery reacendeu o debate sobre o valor nutritivo das opções oferecidas nos aplicativos. Para Manuela Dolinsky, diretora do Conselho Federal de Nutrição, embora a conscientização sobre alimentação saudável esteja aumentando entre os jovens, o fast-food ainda é a escolha principal devido ao preço acessível. “A necessidade de reduzir alimentos ultraprocessados no cardápio é impulsionada por informações facilmente acessíveis. Mas muitos jovens ainda encontram dificuldades para encontrar opções saudáveis tão baratas e convenientes quanto o fast-food”, analisa .
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