Um novo fenômeno digital está dominando a internet e preocupando especialistas. Vídeos curtos, bizarros e muitas vezes sem lógica, produzidos com inteligência artificial, têm viralizado entre os usuários, especialmente entre os mais jovens. Conhecidos como “brain rot memes”, ou “memes do apodrecimento cerebral”, essas criações misturam imagens desconexas — como animais que se transformam em objetos ou usam acessórios humanos — e acumulam milhões de visualizações em plataformas como TikTok.
O termo “brain rot” foi eleito a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário de Oxford, após um crescimento expressivo em seu uso. A expressão descreve os efeitos do consumo excessivo de conteúdos digitais rasos e imediatistas, que, segundo especialistas, podem comprometer a capacidade de concentração e reflexão profunda.
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Em entrevista ao Metrópoles, a psicóloga clínica Juliana Gebrim explica que esse tipo de material, apesar de parecer inofensivo, pode afetar o funcionamento do cérebro a longo prazo. “Esses vídeos criam uma espécie de transe. Nosso cérebro adora recompensas rápidas e novidades, mas isso pode diminuir a paciência para atividades que exigem atenção e esforço mental”, alerta.
A especialista ressalta que, apesar de o termo “apodrecimento cerebral” ser exagerado, ele chama atenção para uma mudança real no comportamento dos usuários. “Com o tempo, o cérebro pode se habituar a estímulos fragmentados, reduzindo a capacidade de concentração e organização de pensamentos”, detalha.
Além de entreter, esses conteúdos se tornaram uma oportunidade de lucro para criadores. Redes como o TikTok incentivam a produção desse tipo de material ao monetizar vídeos que geram alto engajamento, mesmo que tragam poucos benefícios cognitivos.
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O impacto é ainda mais preocupante entre a geração Z. Segundo dados da pesquisa Bem-estar 2022, realizada pela Betterfly, 60% dos profissionais dessa faixa etária já relatam sintomas de burnout e exaustão mental. Para a psicóloga Denise Milk, o excesso de informação digital — chamado de “infoxicação” — é um dos fatores que contribuem para o adoecimento emocional dos jovens. “Essa sobrecarga impede a reflexão aprofundada e estimula relações superficiais, tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal”, afirma.
Com o avanço da inteligência artificial na produção de conteúdo, especialistas reforçam a necessidade de um consumo mais consciente de informações digitais para preservar a saúde mental, principalmente entre os mais jovens.
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