Pesquisadores ao redor do mundo têm investigado um fenômeno intrigante envolvendo pacientes submetidos a transplantes de órgãos. Relatos apontam que alguns receptores experimentam mudanças inesperadas em suas preferências alimentares, emoções e até comportamentos, levando a questionamentos sobre uma possível “transferência de memórias” entre doador e receptor.
O caso mais emblemático envolve receptores de corações, mas situações similares foram observadas em transplantes de rins, pulmões e até rostos. Um exemplo marcante é o de um menino que desenvolveu medo de água após receber o coração de uma menina que havia se afogado. Outro relato curioso descreve uma mulher que, após um transplante, passou a preferir alimentos que eram favoritos do doador.
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A hipótese de “memórias celulares” é um dos caminhos explorados por pesquisadores. Estudos indicam que o coração possui neurônios que interagem com o cérebro, sugerindo que o órgão poderia desempenhar um papel na formação de memória e personalidade. No entanto, especialistas ressaltam que fatores psicológicos, como o impacto emocional da cirurgia e o uso de medicamentos imunossupressores, podem explicar parte dessas mudanças.
Pesquisadores do Hospital Universitário de Jidá, na Arábia Saudita, estão entre os que estudam o tema. Em um artigo publicado recentemente, eles discutem a possível ligação entre a rede neural do coração e o cérebro, reforçando a teoria de uma “conexão coração-cérebro”. Essa ideia, embora fascinante, ainda carece de comprovação científica sólida.
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Outros especialistas, como os da Universidade McGill, no Canadá, destacam que mudanças no apetite e no comportamento podem ser desencadeadas por fatores externos, como estresse pré-cirúrgico e os efeitos dos medicamentos. Ainda assim, os relatos continuam a desafiar as concepções tradicionais sobre identidade e memória, impulsionando novas investigações sobre a relação entre corpo e mente.
A ciência ainda está longe de responder todas as questões, mas os estudos nessa área prometem expandir a compreensão sobre os impactos físicos e emocionais dos transplantes, além de abrir novas perspectivas para o atendimento médico e a neurociência.