A startup brasileira Huna, fundada em 2022, está revolucionando o diagnóstico do câncer de mama ao utilizar hemogramas e inteligência artificial (IA). Desde sua criação, a empresa já analisou dados sanguíneos de mais de 500 mil mulheres, colaborando com parceiros como o Grupo Fleury, Pardini e o Hospital do Amor.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é que 73.601 novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados em 2023, com 18.139 mortes registradas em 2021. A Huna busca reduzir esses números identificando, através de hemogramas, sinais de risco em mulheres, permitindo que gestores de saúde priorizem exames de mamografia para aquelas com maior probabilidade de desenvolver a doença.
A tecnologia da Huna tem mostrado a capacidade de antecipar diagnósticos em até 16 meses. Daniela Castro, CTO e fundadora da startup, explica que o câncer de mama tem uma taxa de cura superior a 90% quando detectado precocemente. “Quando o diagnóstico é tardio, a chance de mobilidade aumenta significativamente e os tratamentos são muito mais caros”, diz Castro. Atualmente, apenas uma em cada quatro mulheres na faixa etária recomendada faz o rastreamento no Brasil.
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A ideia de usar hemogramas surgiu da experiência de Castro na Kunumi, onde trabalhou em diversos projetos de IA aplicados à saúde. Impressionada com o potencial dos dados sanguíneos, Castro fundou a Huna juntamente com Vinícius Ribeiro e Marco Kohara, ambos também ex-Kunumi. O trio deixou a consultoria com algumas patentes e estabeleceu a Huna como uma spin-off.
Desde então, a startup conduziu pesquisas e quatro projetos-piloto e agora aguarda aprovação da Anvisa para operar plenamente, o que deve ocorrer nos próximos meses. Em paralelo, a Huna está iniciando seu primeiro estudo com o Sistema Único de Saúde (SUS), analisando cerca de 400 mil hemogramas de mulheres das regiões Nordeste e Sul. “Vamos acompanhar 1.500 mulheres por dois anos para analisar outros marcadores sanguíneos, além do hemograma, visando melhorar a performance do nosso modelo”, afirma Castro em entrevista à Exame.
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Para financiar suas operações, a Huna já recebeu aproximadamente 1 milhão de dólares em recursos, incluindo uma rodada pré-seed liderada pela Big Bets, com participação da Niu Ventures e da Cortex, venture capital corporativa da Fleury. A empresa também obteve financiamento da Fapesp e prêmios de inovação, como o da A.C.Camargo. Com a primeira captação concluída, a Huna planeja abrir uma nova rodada de investimentos nos próximos meses para expandir suas pesquisas em busca de marcadores para outros tipos de câncer, como colo do útero, pulmão, colorretal e próstata.
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