Passando por dificuldades nos Estados Unidos e na Europa, fabricantes chinesas de carros elétricos têm focado em estabelecer laços onde se sintam bem-vindas para comercializar, como é o caso do Brasil, sexto maior mercado automotivo do mundo.
Empresas como BYD e GWM (Great Wall Motor), estão dominando o mercado de vendas de veículos elétricos e ambas as empresas estão em processo de construção de fábricas no país, o que não só impulsiona as vendas locais, mas também permitirá a exportação livre de tarifas para toda a América Latina, contrastando com as tarifas de 100% prometidas pelo presidente americano Joe Biden.
O movimento pode se tornar um modelo para outros setores e regiões, já que as empresas chinesas enfrentam desconfiança global devido aos seus produtos de baixo custo, que ameaçam a indústria e os empregos locais.
Para conquistar mais consumidores globais, especialmente com a intensa concorrência no mercado chinês, essas empresas estão sob pressão para investir, produzir e gerar empregos no exterior, em vez de apenas exportar suas mercadorias.
No Brasil, a BYD planeja iniciar a produção em meados de 2025 em sua primeira fábrica fora da Ásia, enquanto a GWM pretende começar a produzir SUVs no país ainda este ano.
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No Sudeste Asiático, o investimento direto chinês quase quadruplicou no último ano, e a BYD também tem um grande projeto na Hungria, enquanto a Chery anunciou planos de produção na Tailândia. No total, o investimento chinês na cadeia de produção de veículos elétricos ultrapassou US$ 30 bilhões em 2023.
O mercado automobilístico da América Latina, avaliado em quase US$ 130 bilhões, representa uma oportunidade significativa para as montadoras chinesas, que rapidamente aumentam sua participação no mercado de veículos elétricos.
No entanto, elas enfrentam desafios no Brasil, grandes montadoras globais como Stellantis, Toyota e Volkswagen anunciaram cerca de US$ 19 bilhões em investimentos no Brasil desde meados de 2023, focando principalmente em carros híbridos.
Além disso, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), impôs tarifas de 10% sobre as importações de elétricos este ano, que vão aumentar para 35% até 2026, essas tarifas não são direcionadas especificamente às fabricantes chinesas, mas já influenciaram a GWM a mudar sua estratégia de produção para SUVs em vez de picapes.
Para exportar sem tarifas para outros países latino-americanos, as montadoras precisam adquirir cerca de metade dos componentes localmente, um desafio dado o declínio da indústria de fornecedores no Brasil nos últimos anos.
As empresas planejam iniciar suas operações com veículos “desmontados”, importando peças da China para montagem local, enquanto aceleram a busca por fornecedores locais, a BYD pretende fabricar 60% dos componentes no Brasil em cinco anos, e a GWM está empenhada em viabilizar a produção de baterias no país.
Essas iniciativas não apenas criarão empregos diretos, por exemplo, a BYD se comprometeu a gerar 5.000 empregos, com expectativas de superar esse número, mas também trará benefícios indiretos ao longo da cadeia de abastecimento.
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Além de investir na fabricação, a empresa está em parceria com uma empresa de energia local para construir 600 estações de carregamento em oito cidades, abordando a falta de infraestrutura que poderia limitar as vendas de veículos elétricos.
Esse influxo de tecnologia e conhecimento estrangeiro segue o caminho que muitas indústrias chinesas trilharam para alcançar a liderança mundial, agora replicando esse modelo no exterior.
Olhando para o futuro, o investimento estrangeiro pode ser a melhor aposta da China para manter boas relações econômicas com mercados emergentes, que representam os gigantescos mercados consumidores do futuro.
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