Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram a questionar a legitimidade das eleições de 2022, agora com base em declarações de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA. Benz foi ouvido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (Creden) nesta quarta-feira (6/8), onde alegou, sem apresentar provas, que os Estados Unidos teriam financiado ações para prejudicar Bolsonaro e influenciar o resultado do pleito.
Durante mais de quatro horas de audiência, Benz afirmou que agências do governo norte-americano, como a USAID, a CIA e o Departamento de Estado, atuaram para minar a campanha de reeleição de Bolsonaro. Segundo ele, os investimentos norte-americanos em ONGs brasileiras e agências de checagem seriam parte de uma estratégia para controlar o discurso político e censurar o então presidente.
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Benz também citou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), como suposto interlocutor das autoridades americanas. Barroso presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2020 e 2022 e, na época, já havia defendido publicamente o apoio internacional à democracia brasileira.
Apesar das alegações, Benz não apresentou provas materiais — como documentos ou registros — que comprovem a existência de uma interferência direta dos EUA nas eleições brasileiras. O conteúdo foi baseado principalmente em slides e interpretações pessoais.
Mesmo assim, a oposição pretende usar a fala do ex-secretário como munição política. O deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Creden, anunciou que vai propor uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os recursos da USAID no Brasil. Também afirmou que apresentará um projeto de lei para proibir investimentos estrangeiros em ONGs brasileiras e estuda pedir a cassação do registro do Partido dos Trabalhadores (PT), alegando possível favorecimento ilegal durante a eleição.
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As acusações fazem eco à retórica do ex-presidente Donald Trump e de apoiadores da extrema direita mundial, como o argentino Javier Milei, que já havia apontado — igualmente sem provas — interferência da USAID no processo eleitoral brasileiro.
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